Série DivertidaMente: emoções sob uma nova lente
Série Emoções e Saúde Mental: um mergulho sensível inspirado em Divertida Mente

Ah, mas é filme de criança…”
Pois é. E também é um dos retratos mais profundos do que acontece na mente de um ser humano diante de mudanças, perdas e descobertas. Tudo isso contado com leveza, humor, o colorido infantil e uma profundidade que só a vida adulta entende.
Eu mesma já perdi a conta de quantas vezes assisti — umas 50 ou mais. Tanto o Divertida Mente 1 quanto o 2. A Luiza, minha filha mais velha, está encantada com as emoções — pede pra ligar o filme, narra o que está acontecendo, comenta cada detalhe, fala das cores com entusiasmo e diz “A Luiza está com a Alegria!” enquanto pula pela sala (porque o “assistir” dela não significa ficar parada em frente à TV).
E mesmo vendo tantas vezes, eu não me canso. É um daqueles desenhos gostosos de ver, leves e ao mesmo tempo sérios na medida certa.
São tantos detalhes que é difícil escolher uma cena pra comentar, mas com certeza a mais “retrato da vida adulta” é quando a Alegria pensa em desistir de lutar contra a Ansiedade e reflete: “Quem sabe crescer seja sentir menos alegria…”
Ao longo do filme, as emoções aprendem a conviver de forma mais saudável, entendendo a função de cada uma, respeitando o momento de cada uma. Nenhuma delas é “ruim”. Todas têm um propósito. E sozinhas, não conseguem dar conta da complexidade da vida. Elas precisam se unir para que a Riley — a dona da mente — encontre plenitude.
É bonito perceber também algumas sutilezas: na mesa de comando da Mãe, a figura central não é mais a Alegria, como na infância da Riley…É a Tristeza. Mais ponderada, mais madura, mais profunda.
E na mesa do Pai, quem ocupa o centro é a Raiva — só que uma raiva menos explosiva, mais consciente.
E em ambos os casos, a Alegria ainda está lá. Mas não precisa mais gritar pra ser ouvida. Ela aprende a coexistir.
Então, se você precisava de um motivo pra assistir (ou reassistir) Divertida Mente 2, tá aqui.
Um filme leve, divertido e incrivelmente sério.
Um lembrete pra olharmos com carinho pras nossas emoções, tentar aceitar cada uma delas (mesmo as que não são tão legais assim) — e se permitir sentir.
Essa série nasceu desse encantamento — e da vontade de trazer, em palavras, a complexidade das emoções com um olhar humano, sensível e acessível.
Cada texto abaixo é dedicado a uma emoção. São autorais, feitos com cuidado e com verdade. Podem ser compartilhados — mas, por favor, lembre-se de mencionar a fonte.
Raiva: aliada que protege ou inimiga que destrói?

Em Divertida Mente, ela aparece bufando, pronta pra agir, querendo defender a Riley a qualquer custo.
A Raiva surge quando algo dói, quando um limite é invadido, quando parece injusto.
Mas, na tentativa de proteger, ela pode acabar machucando.
Um bom exemplo é a cena em que a Raiva tem uma “grande ideia” para recuperar as boas memórias da Riley — e sugere que ela fuja de casa, pegando dinheiro escondido da mãe e indo sozinha de ônibus pra cidade antiga.
Tudo com a intenção de ajudar.
Mas o plano é impulsivo e perigoso.
E aí entra a pergunta:
A Raiva é uma aliada que protege… ou uma inimiga que destrói?
Na vida real, pode ser as duas.
É uma emoção legítima — e necessária.
Mostra que algo importa.
Mas quando domina a mesa de comando sozinha, sem o contrapeso das outras emoções, pode virar um incêndio.
Pode aparecer como:
- Irritabilidade constante
- Explosões desproporcionais
- Palavras ditas no impulso
- Dificuldade de escutar o outro
- Culpa depois da tempestade
Ou no extremo oposto:
- Mágoas acumuladas
- Ressentimento crônico
- Sintomas físicos (tensão, dor, gastrite)
- Tristeza escondida atrás da braveza
- Sensação de injustiça mal resolvida
A Raiva é uma emoção saudável que todos nós podemos sentir em algum momento da vida, mas também pode ser patológica e estar presente em quadros de depressão, bipolaridade, transtorno de personalidade borderline e até ansiedade.
Ela só adoece quando fica sozinha — sem escuta, sem saída, sem nome.
Reconhecer a Raiva é um passo importante.
Acolher não é explodir — é aprender a expressar com consciência.
Você costuma explodir… ou guardar tudo até adoecer?
A Inveja é uma vontade mal compreendida… ou é um desejo perigoso?

Em Divertida Mente 2, a Inveja é minúscula.
Mas tem olhos enormes.
Grandes, atentos… e sempre brilhando.
Não é contida. Nem disfarçada.
Ela vê algo que gosta — e já solta:
“Eu quero!”
Olha pro que o outro tem — e deseja pra si.
Sem precisar. Sem pensar.
Ela só quer.
Não se esconde.
Não pensa nas consequências.
E aí vem a pergunta:
A Inveja é só uma vontade mal compreendida… ou é um desejo perigoso?
[Ela pode ser saudável:
- Quando revela o que admiramos (e desejamos construir)
- Quando nos inspira a buscar o que nos realiza
- Quando nos ajuda a entender melhor o que valorizamos
Mas pode adoecer:
- Quando vira regra de comparação
- Quando nos faz desejar o que não tem nada a ver conosco
- Quando nos distancia da nossa própria trajetória
- Quando nos impede de celebrar as conquistas dos outros
- Quando se transforma em vergonha, autodepreciação ou ressentimento
Na prática clínica, a Inveja costuma aparecer onde menos se espera —
por trás da irritabilidade, da autoestima instável, do sentimento constante de inadequação.
Pode estar presente em quadros de depressão, transtornos de personalidade, transtornos alimentares ou até síndromes ansiosas com autocrítica intensa.
A Inveja não precisa ser suprimida.
Mas precisa ser escutada com maturidade.
Porque às vezes ela só está dizendo:
“Isso é importante pra mim também.”
A questão não é sentir inveja.
A questão é o que você faz com ela.
Você paralisa? Se culpa? Ou transforma em ação com sentido?
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